Qual é diferença entre leitura profunda e leitura rápida? Sem dúvida que na correria da vida fazemos cada vez menos as leituras profundas - leituras que nos encham a alma de encantamento e prazer. Vejam o que essas duas leituras fazem conosco ou simplesmente não fazem!
As ciências cognitivas, principalmente a neurociência, vem mostrando exaustivamente como o cérebro funciona na leitura profunda e na leitura rápida, fragmentária.
Ao lermos de maneira profunda, além de acessarmos a parte pré-frontal do cérebro/mente, acionamos outras áreas como o hipocampo, por exemplo, que ilumina a imaginação, a criatividade. Neste sentido, a leitura profunda permite que sejamos coautores do próprio autor.
Por exemplo, ao lermos "A Revolução dos Bichos", nós criamos a fazenda, os homens, os porcos. Mais, com conhecimento de história, logo vamos identificar quem é Napoleão, seus cachorros, etc.
Não é incomum que ao vermos um filme baseado em um livro que lemos, digamos: "Eu prefiro o livros". Lógico, o filme não foi criado por nós, mas por outro coautor. Anna Karenina? Como a vemos? Como sentimos o seu espírito? Seus desejos? Seu final trágico que, pela moral da época, Tolstoy foi obrigado a matar. Sim, ele não queria mata-la.
Enfim, a escrita fragmentada não dá ao leitor a chance de inferir, imaginar, criar o personagem. O hipocampo não é acessado corretamente, se for.
Pessoal, leiam seu livro de papel. Cheirem (cheiro de livro, para mim, libera dopamina). Por que? Porque meu espírito está pronto para entrar no desconhecido; da mesma forma que, em um concerto musical, o coração acelera esperando, de olhos fechados, o adágio.
Não sou contra outros suportes da escrita. Jamais seria, principalmente com a I.A. Há muita coisa boa em outros suportes. Mas, nunca deixarei de ler um livro de papel. Um bom livro faz pensar, refletir, questionar.
Acho que entro naquela fase da aquisição de língua, na qual a criança fica repetindo: Por que? Por que? Por que? Ela quer uma resposta. Não aceita o "porque sim".
Leiam, leiam, leiam, crianças, adolescentes, papais, mamães, vovós, vovôs. Deep reading ou leitura profunda. E "encham o s..o" de quem não lê.
Silvia Lucia Bigonjal Braggio
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